Sunday, November 13, 2005

O diário

Mientras tanto, eu penso em diários. Faz uns dois anos , reli o que tinha aos doze. E o que tinha aos 20. Minha irmã do meu lado: "Os problemas são os mesmos."E são.
No café, terminei "Duas Meninas", do Roberto Schwarz. Capitu e Helena Morley. Saudades da análise. Era como uma sessão escrita.
Eu, orgulhosa de me parecer com Helena Morley. Queria tanto o livro, leria agora, até de manhã.
Exercício de raciocínio ou cacoete de implicância? O de esperar o interlocutor, reconhecê-lo, buscar uma brecha, buscar se encaixar e contrapor, contrapropor. Onde mesmo estou?

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"Eu não acho que dinheiro traga desdicha a ninguém", diz Helena Morley. Lembro do Nelson Rodrigues, outra confissão. Dinheiro há, dinheiro há... Então tragam a mantega para o pão. Não, mudei de idéia, traga uma lasanha ou um caneloni.

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No meu último jantar em família em São Paulo, eu pedi caneloni e veio frio. Mandei trocar. Veio outro e estava frio. Os restaurantes de São Paulo são como o mundo todo. O exercício de ter razão em restaurantes está virando uma metáfora total. Odeio quem estica metáforas. Funcionou uma vez, pois bem, à outra imagem.

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Já disse que o garçom é pessoal. Garçons e cabelereiros pescam rápido minha hesitação. Onde se lê exit, não hesite, pule. Eu pulo e escolho um prato. Sim, eu me sinto pressionada pelos garçons, especialmente quando estou sozinha. Eles nem olham para mim _aqui os garçons olham menos ainda. Eu leio tudo, me impaciento. Um inferno de opções. E escolho qualquer coisa. Quando souber escolher em restaurantes e ir em salões de beleza, largo a análise. Estou com saudades da análise.

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