Tuesday, November 22, 2005

Beetlejuice, Beetlejuice, Beetlejuice

Na minha vida de neo-rica, há TV a cabo. E há Tim Burton de madrugada.
Assisti com meu pai, a primeira vez.
- Beetlejuice?
Suco de besouro. Meu pai era professor de inglês.
O google acha pais, eu e o Ricardo sabemos.

Oh my darling, oh my darling,
My darling Clementine,
You are lost for me forever
Dreadful sorry, Clementine.


Nem sabia que o Tim Burton existia. Mas faz todo o sentido. Peixe Grande, A Noiva do Cadáver (o nome certo é A Noiva-Cadáver, mas entendi errado, tudo é tão óbvio) , meu consultório de análise.
Quero meu analista gigante, meus brinquedos, meus mamulengos, minha vida de menina.
Tenho vergonha de falar do meu pai (tenho vergonha porque você vai saber - um exercício libertador, ególatra e impreciso ter um blog).
Mas achei Clementine inteira - eu não decoro músicas em inglês, nunca soube o que queria dizer. Eu li. A terceira margem do rio: o Mississipi?

When far away, he would often pray
That in his sunny clime
No harm might overtake her,
His favorite nugget, Clementine.

When the day was done and the setting sun
Its rays they ceased to shine,
Homeward came the brawney miner
To caress his Clementine.

None was nearer, none was dearer,
Since the days of forty-nine
When, in youth, he had another
Who was then his Clementine.

She led her ducks down to the river
The weather it was fine
Stubbed her toe against a sliver
Fell into the raging brine.

He heard her calling: father
Her voice was like a chime
But alas he was no swimmer
So he lost his Clementine.

Meu pai morreu afogado - também sempre tive vergonha de dizer. Vergonha de provocar comoção e compaixão imediatas. Dor fora de lugar, isso não é assunto para bares, eu concordo (embora verdadeiramente odeie quem cataloga os assuntos que se pode falar em bar).
Mas aprendi com a Lígia a fazer menos concessões. Meu pai morreu afogado.
Eu sou uma menina, tenha cuidado comigo. Não me magoe de graça. Que graça tem? Há vários tipos de burrice. Esse é um, imperdoável: free winona. Eu afoguei minhas bonecas com papel celofane. Eu nunca afogaria bonecas, você sabe, não tenho gestos violentos. Por isso, não me magoe de graça.

1 Comments:

Blogger L. said...

Pra todo mundo saber:

É isso: eu te ensino a não fazer concessões enquanto você me ensina a fazê-las. Não me passa um dia sem que eu lembre algo que você me ensinou.

Que, qualquer coisa, a gente se agarra nisso, de ser entendida pela outra, né? Acho que vale. Não tudo, mas parte. Uma boa parte.

E tua mágoa não vale nem um milhão de pesos.

11:26 AM  

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