Saturday, February 04, 2006

A terceira margem do rio (do Prata)

(Caetano Veloso/Milton Nascimento)


Oco de pau que diz:
Eu sou madeira, beira
Boa, dá vau, triztriz
Risca certeira
Meio a meio o rio ri
Silencioso, sério
Nosso pai não diz, diz:
Risca terceira

Água da palavra
Água calada, pura
Água da palavra
Água de rosa dura
Proa da palavra
Duro silêncio, nosso pai

Margem da palavra
Entre as escuras duas
Margens da palavra
Clareira, luz madura
Rosa da palavra
Puro silêncio, nosso pai

Meio a meio o rio ri
Por entre as árvores da vida
O rio riu, ri
Por sob a risca da canoa
O rio riu, ri
O que ninguém jamais olvida
Ouvi, ouvi, ouvi
A voz das águas

Asa da palavra
Asa parada agora
Casa da palavra
Onde o silêncio mora
Brasa da palavra
A hora clara, nosso pai

Hora da palavra
Quando não se diz nada
Fora da palavra
Quando mais dentro aflora
Tora da palavra
Rio, pau enorme, nosso pai

***
E:

Esse Cara
(Caetano Veloso)

Ah! Que esse cara tem me consumido
A mim e a tudo que eu quis
Com seus olhinhos infantis
Como os olhos de um bandido
Ele está na minha vida porque quer
Eu estou pra o que der e vier
Ele chega ao anoitecer
Quando vem a madrugada ele some
Ele é quem quer, ele é o homem
Eu sou apenas uma mulher

***

Pois muito bem:

Suas Mãos
(Pernambuco / Antônio Maria)

Ah, suas mãos onde estão
Onde está o seu carinho
Onde está você

Ah, se eu pudesse buscar
Se eu soubesse onde encontrar
Seu amor, você

Um dia há de chegar
Quando ainda não sei
Você vai procurar
Onde eu estiver
Sem amor, sem você

Ah, suas mãos onde estão
Onde está o seu carinho
Onde está você

***

A você, mon ami, :
bater a máquinas com dois dedos e amar com a vida inteira.

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