Wednesday, October 18, 2006

Humor negro ou notas

O corpo dele passeava pela cidade, entre paus e pedras. Os argentinos, como eu, disputam o homem morto.
Um teste para hispanohablantes aprendizes de português: Com poço, eu não posso.

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Quem tem humor é inteligente, dizia meu pai, apoiando a palhaçada.
- Como é mesmo, meu bem, que vocês apelidaram aquele amigo?
Isso era na sexta série, antes de eu andar com a vanguarda do jornalismo político.

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Ontem o psicanalista disse: como dizia Lacan, a carta sempre chega ao destinatário.

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Sonhei que eu e ela tomávamos uma casa. Violentas, mutilávamos, cortávamos dedos, expulsávamos as outras. Umas morenas. Um mundo de homens livres pode começar com violência?
E ela me pedia para tirar uma foto: pôr a cara na janela, enquadrar. Era difícil equilibrar, mas eu sabia que a polícia viria. Havia sangue no chão. Eu sabia que a polícia viria.
Como num sanatório, voltávamos do banho de sol e piscina, pingando. Mas eu ainda via o sangue no chão.
No outro dia, quando eu roubei um banco, sabia que estava sendo flagrada. Meu nome de suspeita nas páginas do jornal, só o meu. Eu não vou escapar.

2 Comments:

Blogger micha said...

você voltou!

3:26 PM  
Blogger L. said...

eu digo o mesmo, completando com "e não me avisou". por favor, escreve um livro. eu nunca te pedi nada!

4:21 PM  

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