Tuesday, June 06, 2006

Ainda dá tempo

Eu lembrei agora da minha professora do secundário, Sandra, que sempre dizia: Ainda dá tempo. Dá tempo de um monte de coisa, nada se perdeu. E eu não sabia ouvi-la. Eu deveria procurá-la, dizer quando era ela importante.
É uma inversão de lógica simples, mas eu preciso dela.
No meu aniversário, é preciso dizer, eu sempre tenho saudade de você, pai. Olha a mulher que eu virei? Olha!
Um senhor gordo, rosado y buena onda, se sentou do meu lado no avião. Eu disse a ele, mais ou menos, quem eu era. Eu sinto saudades suas.
Seu sim, assim. A blusa listrada, de pano fininho, anos 70. Que bom que é reencontrar o pai nos homens que você reencontra na vida. Não o pai paternal, protetor, mas o pai do Édipo (o édipo do Násio, sexy, do cavalinho, do tio Vinicius e sua moto, da beleza, da hombridade).
Eu vim de lá, pequeninha, eu amo a Claudia, a Laure e a mamãe.
Eu sou como os meninos de 15, 16 anos do Chile: eu só penso em sexo e em política.
Santiago do Chile, Chile. Palavras sonoras.
Que eu quero dizer? Que ainda dá tempo, de viver de verdade, a bolha espera um pouquinho, enquanto eu vivo, enquanto eu namoro (já sei namorar).
Y soy guapa, y soy lista y soy política y me emociono.
Quando ele chega e me abraça, enquanto eu tomo café e ouço rádio, ele não sabe, mas eu sei. Nós lemos tantas notícias, nossas peles retintas de delícias.

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