Tuesday, March 14, 2006

Perito Moreno

Eu acho que quero ir para o show do Jamiroquai. Mas na verdade, o que eu quero é viajar para uma cabana com meu amor.
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Está nublado, pé direito baixo. Daqui a pouco terei de acender a luz amarela, da sala.
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- O que o sr. acha da tortura?
Eu não sou forte, nem para entrevistar. Medo do confronto. O que ele poderia fazer. Falta de compaixão é rir quando o outro sofre. A quem eu me entrego, porque eu me entrego?
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Soda cáustica, soda estéreo. Soda cáustica no meu estômago por ouvir Soda Stereo.
- É a maior banda da Argentina. Mas já acabou.
- Ah sí?
Me llama, me llama. Eu não deixo (mais) recados. Eu odeio a tecnologia, os recados.
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Odeio porque a solidão maior, de novo, é a do interlocutor, primeiro. E do interlocutor, com colo. Grande, aparição. Mesmo que eu não possa me apoiar, mesmo que eu não possa me apoiar.
As casas legislativas me molestam. Fui à Câmara argentina, me pareceu a odiosa Assembléia paulista ou a Câmara. Eu aguento a política? Só de longe, só de longe. Na fila de identificação, havia uma mulher pobre, para falar com um outro deputado. Há clientelismo por todo lado, que humilhante, pensei.
Cheguei em casa. Liguei a TV. Era ela, a mulher. Pedindo fígado, um fígado para o filho.
Eu deveria ter perguntado se ele era torturador. Concentração, o fogo da minha cabeça, minha dissociação. Não tenho saudade dessa minha fase. Não tenho.

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El espetáculo fue sólo para los oídos. Los pocos turistas que se quedaron oíran un gran estrondo seguido por un gran siléncio.

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