Thursday, November 24, 2005

Canindé-Buenos Aires-Kuala Lumpur

Melhor rádio, speak up se chama:
- No sé me adelanto si digo que ese va a ser el tema del verano. Sí, es Madonna, es bien producido. No, no me adelanto. Es 24 de noviembre, con ustedes, el tema del verano.
Toca Hang Up. Ai, aí eu fico com saudades de SanPaBlo ( e das djs back to back, e da dupla T/A).
O melhor locutor do eixo Canindé-Buenos Aires continua:
- En Buenos Aires, 21 grados, 9 de la noche. En Kuala Lumpur , 9 grados, 1 de la mañana. En Amsterdan...
Que informação é essa, meu deus? Abaixo o ganho, viva o eje.
Vocabulário de hoje: sessão da tarde = cine shampoo, penélope charmosa = penélope glamour.
Glamour para mim, chandon no calor já.

Te invité a tomarnos un café sin pensar en café

Me dijiste que no ibas a querer verme de nuevo. Que estás loca para el mundo, que ya nadie te comprende. Que en tu vida solamente hay lugar para el placer. No será que en tu delirio paranoico-suficiente te asusta que otro demente se le anime a tu querer.

(o amor não combina com humor. pero si les agrega el trágico... No soy floja, voy a tienda. Me compraré ese compacto: Um giro extraño, de um grupo de tango "La Chicana", espécie de movimento nova guarda, Marcelos D2 de Gardel, a procura do acorde perfeito. Nelson é tango _eu lembro de todas as vinhetas tangueras da Globo. Nelson é tango, ele sempre soube de tudo)

***
tautologias

http://www.bcra.gov.ar/

eu tento, eu tento. mas, mira vos, é o site do Banco Central. a Argentina é muito Argentina. o teatro é muito teatral. um pneu é um pneu.

http://www.gerardobastos.com.br/

Tuesday, November 22, 2005

Beetlejuice, Beetlejuice, Beetlejuice

Na minha vida de neo-rica, há TV a cabo. E há Tim Burton de madrugada.
Assisti com meu pai, a primeira vez.
- Beetlejuice?
Suco de besouro. Meu pai era professor de inglês.
O google acha pais, eu e o Ricardo sabemos.

Oh my darling, oh my darling,
My darling Clementine,
You are lost for me forever
Dreadful sorry, Clementine.


Nem sabia que o Tim Burton existia. Mas faz todo o sentido. Peixe Grande, A Noiva do Cadáver (o nome certo é A Noiva-Cadáver, mas entendi errado, tudo é tão óbvio) , meu consultório de análise.
Quero meu analista gigante, meus brinquedos, meus mamulengos, minha vida de menina.
Tenho vergonha de falar do meu pai (tenho vergonha porque você vai saber - um exercício libertador, ególatra e impreciso ter um blog).
Mas achei Clementine inteira - eu não decoro músicas em inglês, nunca soube o que queria dizer. Eu li. A terceira margem do rio: o Mississipi?

When far away, he would often pray
That in his sunny clime
No harm might overtake her,
His favorite nugget, Clementine.

When the day was done and the setting sun
Its rays they ceased to shine,
Homeward came the brawney miner
To caress his Clementine.

None was nearer, none was dearer,
Since the days of forty-nine
When, in youth, he had another
Who was then his Clementine.

She led her ducks down to the river
The weather it was fine
Stubbed her toe against a sliver
Fell into the raging brine.

He heard her calling: father
Her voice was like a chime
But alas he was no swimmer
So he lost his Clementine.

Meu pai morreu afogado - também sempre tive vergonha de dizer. Vergonha de provocar comoção e compaixão imediatas. Dor fora de lugar, isso não é assunto para bares, eu concordo (embora verdadeiramente odeie quem cataloga os assuntos que se pode falar em bar).
Mas aprendi com a Lígia a fazer menos concessões. Meu pai morreu afogado.
Eu sou uma menina, tenha cuidado comigo. Não me magoe de graça. Que graça tem? Há vários tipos de burrice. Esse é um, imperdoável: free winona. Eu afoguei minhas bonecas com papel celofane. Eu nunca afogaria bonecas, você sabe, não tenho gestos violentos. Por isso, não me magoe de graça.

Thursday, November 17, 2005

Belo belo belo

Digo logo que sigo interessadíssima na vida de vocês, o que acontece e tudo ao mesmo tempo que tenho certeza de que vir para cá era a única coisa realmente relevante que eu poderia fazer por mim - sei exatamente os afetos que tenho, o que não estão nenhum um pouco em risco, o que estão à prova e os que eu nunca terei - e assisto a Belíssima e tenho uma nova casa: São Paulo. Que ternura pelas imagens do passa-rápido, algum bar chiqué dos jardins, o mercadão, o sotaque, a migração - sou mínero-cearense-paulistana.

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Espero ansiosa por uma imagem da Bela Paulista - ou do Jhonys.

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Belo belo belo,
Tenho tudo quanto quero.
Todas as manhãs o aeroporto em frente me dá lições de partir
(se tivesse uma laranjeira - aqui me ressinto: as frutas custam caro, e eu nem gosto de frutas).


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Ah, a televisão. Um mindinho para comentar - real time - as marmotas. Aqui, todo dia é dia de Raul Gil e Silvio Santos. Jazz - a modalidade de dança oitentista - ainda faz o maior sucesso. Concurso de baile. Las parejas de ayer: tango (infantil, claro), salsa, dança afro, gaúcho, balé clássico. Susana Gimenez, la reina:
- Baliamos juntos, pero no somos novios. Fuimos por cinco años. Rompemos hace tres meses. Sigue el respeto, claro - dice la balainte de salsa. Y bailan. Y les regalan una Ronda Bis.
Mas o presente eles repartiram com umas negras, brasileiras, claro, que dançaram afro. Com direito a performances de tigre. Mais corpo, mais sangue.
- Obrigada, dice a Gimenez, en portugués, sin dejar escapar macaquitas.

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Ideologia a favor - depois eu explico.

Sunday, November 13, 2005

Balanço

1 - Fim do assembleísmo
2 - Conversar sozinha
3 - Há muitas coisas que se faz puramente por coerção social

1 - Não há nem o Amauri para tentar abrir o pote de doce
2 - Com o Amauri, essa comida teria graça
3 - Se o Amauri não abrisse o chimbote (tenho um personal especialista), o Tiago chegava e abria

O diário

Mientras tanto, eu penso em diários. Faz uns dois anos , reli o que tinha aos doze. E o que tinha aos 20. Minha irmã do meu lado: "Os problemas são os mesmos."E são.
No café, terminei "Duas Meninas", do Roberto Schwarz. Capitu e Helena Morley. Saudades da análise. Era como uma sessão escrita.
Eu, orgulhosa de me parecer com Helena Morley. Queria tanto o livro, leria agora, até de manhã.
Exercício de raciocínio ou cacoete de implicância? O de esperar o interlocutor, reconhecê-lo, buscar uma brecha, buscar se encaixar e contrapor, contrapropor. Onde mesmo estou?

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"Eu não acho que dinheiro traga desdicha a ninguém", diz Helena Morley. Lembro do Nelson Rodrigues, outra confissão. Dinheiro há, dinheiro há... Então tragam a mantega para o pão. Não, mudei de idéia, traga uma lasanha ou um caneloni.

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No meu último jantar em família em São Paulo, eu pedi caneloni e veio frio. Mandei trocar. Veio outro e estava frio. Os restaurantes de São Paulo são como o mundo todo. O exercício de ter razão em restaurantes está virando uma metáfora total. Odeio quem estica metáforas. Funcionou uma vez, pois bem, à outra imagem.

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Já disse que o garçom é pessoal. Garçons e cabelereiros pescam rápido minha hesitação. Onde se lê exit, não hesite, pule. Eu pulo e escolho um prato. Sim, eu me sinto pressionada pelos garçons, especialmente quando estou sozinha. Eles nem olham para mim _aqui os garçons olham menos ainda. Eu leio tudo, me impaciento. Um inferno de opções. E escolho qualquer coisa. Quando souber escolher em restaurantes e ir em salões de beleza, largo a análise. Estou com saudades da análise.

Corazones perros

En español, los corazones laten

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Bem, os amigos. Eles entendem os muxoxos, quando você reclama e não tem muita lógica. "Vai ficar tudo bem", eles me dizem.
Aqui tenho de me reinventar. Talvez seja bom. Me livrar da reclamação, ou do passo quase lá, do cacoete : "Se der errado você vai estar aqui, não vai?"

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Essa sou eu meninininha promissora. Subo em árvores, não gosto muito de rosa claro, nem de rosa shok, mas aceito doces e marolas. E flores e retratos. E quero que repitam que vai ficar tudo bem.

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Sempre tenho assunto. Vários e encadeados (ayer, recebi un papelito: Es gracioso? Taller de stand up comedy - Palermo, XX ). É, talvez seja chato para quem não é meu amigo.

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Uma mágoa (ia escrever quase, mas é uma mágoa) de quem já perdeu a paciência comigo. Para quem nunca teve paciência comigo.

Friday, November 11, 2005

lost in translation

Enquanto isso, eu traduzo.
E acho graça para o garçom. Cada prato, uma surpresa (mediana surpresa). Eu sempre detestei aula de língua, em especial as que simulam compras num país estrangeiro e as que se repassa vocabulário de comida. Deu nisso.
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No primeiro momento do que eu poderia chamar de ócio, escrevo. Mas não tenho tom. Fui militante contra exposição pública desnecessária. E sou pessoal, sempre. Não separo nada de nada, trabalho é pessoal, o garçom é pessoal, tudo é pessoal. Um teste, pois.
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Traduzo e fico penso nas imagens de cada língua, como se forma a palavra, quando foi que o nordestino se separou do espanhol (o que certamente foi depois da separação do português padrão). E me divirto vendo desenho animado. A utopia da língua correta _ninguém fala tão correto e pausado, em qualquer língua, quanto os personagens de desenho animado. Ou do cinema romântico.
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Enquanto isso, na sala da Justiça
Na Terra do Nunca
Play it again, Sam

Jamón, jamón

Mientras tanto en el salón de la justicia...
País de Nunca Jamás
Tócala, Sam