Sunday, January 29, 2006

Eu sou uma garota nouvelle vague ou meu conto de verão


A Paloma

Cuento de las cuatro estaciones
Rohmer: "Quise concentrarme en jóvenes mujeres atractivas, inteligentes
y preocupadas consigo mismas, aunque no del todo autoconscientes. Son personajes capaces de apresentar sus dilemas con claridad y elegancia, y de expresar sus sentimientos en diálogos inspirados y ingeniosos".
Eu nasci em 1959. Minhas primeiras palavras foram: New York Herald Tribune! New York Herald Tribune!
Soy una chica nouvelle vague e estou muito pretensiosa hoje, e com saudades da Paloma. Deveria ter assistido tudo, tudo, mas só vi algumas coisas da mostra do Rohmer.

***
Mini cuento de verano

Era aniversário de uma amiga. Ela estava alegre e triste, popularidade e glamour não llena la vida de uno, todos sabem. Então ela experimentou a camisa amarela, nouvelle vague.
- É essa - disse o Espelho (para se ver inteira, ela sobe uma espécie de degrau e se apóia). E ela obedeceu.
Encontrei o meu pedaço na Avenida de camisa amarela
- Bailamos?
Não estava nada bom o meu pedaço, na verdade, estava bem mamado
Champanhe sempre ajuda.
- Charlemos.
Era um encontro de corações abertos, mas apressados, outonais.

**
Quando eu vou, afinal, estudar francês? O homem que sentou na minha frente tinha o seu parfum.

Saturday, January 28, 2006

Ainda



Vou comprar um cd do Nat King Cole, uma caixa se houver. É um presente de mim para meu pai e dele para mim. Hoje é o dia internacional da saudade dele, ou é o dia que eu encaro o debate (mais uma vez, o papel da Ligia, importante, dar a cara a tapa, afinal). Está aqui a minha: imagino nós dois na Corrientes, nos sebos. Me magoa que ele não tenha tido dinheiro, me magoa. Para ele, e para nós.
E eu fiquei lembrando do short branco que ele me deu, curto, com bolsos. Pus no mesmo dia, o dia em que ele morreu. O interesse genuíno por minhas histórias de colégio, por meus amigos, os apelidos que criávamos. Eu criadora de caso, insubordinada. A repreensão quase orgulhosa: "Dê uma folga para a diretora, meu bem". E sorríamos, cúmplices.


***

Diadorim


Sou diferente de todo mundo. Meu pai disse que eu careço ser diferente, muito diferente.

Trago Diadorim comigo: Maria Deodorina da Fé Bettancourt Marins – que nasceu para o dever de guerrear e nunca ter medo, e mais para muito amar, sem gozo de amor... .

Ela queria o gozo, só não teve tempo.

Riobaldo, cumprir de nossa vingança vem perto... Daí, quando tudo estiver repago e refeito, um segredo, uma coisa, vou contar a você ...

Eu não me conformo do livro não ser uma mega-produção de cinema. É uma história emocionante, universal. Sertão.

Eu conheci! Como em todo o tempo antes eu não contei ao senhor - e mercê peço: - mas para o senhor divulgar comigo, a par, justo o travo de tanto segredo, sabendo somente no átimo em que eu também só soube (...) Que Diadorim era o corpo de uma mulher, moça perfeita."

***

Nesta tarde de calor, muito calor, neste sábado eu soube: na sombra do seu olhar, eu sou inteira. E mais bonita e mais inteligente. Tenho mistérios e mereço o amor. É possível guerrear, amar e gozar. Essa é a diferença que eu não entendia. Não a toda hora. Há trabalho adiante. Há trabalho. Não há vingança em curso. Quando encontrá-lo, contarei meu segredo.

Poema de siete faces (o lost en translation)

Cuando nací, un ángel torcido
de esos que viven en la sombra
dijo: Va, Carlos! ser gauche en la vida.

Las casas espíam los hombres
que corren atrás de mujeres.
La tarde tal vez fuera azul,
no hubiera tantos anhelos.

El tranvía pasa lleno de piernas:
piernas blancas negras amarillas.
Para que tanta pierna, mi Dios, pregunta mi corazón.
Sin embargo mis ojos
no preguntan nada.

El hombre atrás del bigote
es serio, simple y fuerte.
Casi no habla.
Tiene pocos, raros amigos
el hombre atrás de las gafas y del bigote,

Mi Dios, por qué me abandonaste
se sabías que yo no era Dios
se sabías que yo era débil.

Mundo mundo vasto mundo,
si yo me llamara Raimundo
sería una rima, no sería una solución.
Mundo mundo vasto mundo,
más vasto es mi corazón.

Yo no debía decirte
pero esa luna
pero ese coñac
botan a uno conmovido como el diablo


****
Voltei hoje a Palermo. As ruas de adoquinis, as lojas em remarcação (trouxe para casa uma blusa linda, fresca, e uma verde, que raramente usarei). Palermo sábado pela manhã ainda é melhor que à tarde, quando há mais gente. "No te angusties!". O imperativo é engraçado. A frase é como "relaxa!" ou "durma!" ou "pare de sofrer!". Quando me dizem, sorrio pela intenção e me banho de cinismo. Duvido ao comprar um presente, mania de querer decifrar todo mundo, em dois tempos, ainda mais em outra língua. Eu nunca vou saber. Qual o problema se eu não entender. Como ela disse, eu assumo coisas demais. Comprei.

***

A palavra decifrar me trouxe, de imediato, uma lembrança do meu pai. Domingo de sol, no clube em Canindé, eu tinha 13 anos. Lia jornais aos domingos, com ele. Eu sempre acho que ler junto é amar, até hoje. Sobrevalorizo, sobrevalorizo...
Por essa época eu tinha um amor platônico e um maiô laranja, que combinava com uma canga laranja e um batom de tom laranja.
(só depois de grande, há uns dois anos, eu aprendi a gostar laranjada, a conviver com os pedacinhos, sem cuar. me apresentaram alcachofra, gostei. terminarei minha vida chupando uma manga, em deleite. tomei laranjada ao sol hoje, de biquini vermelho, num parque da Recoleta).
No meu amor, cabia um segredo. O eleito era um filho de um amigo do meu pai, odiado por minha mãe, que só aparecia nos finais de semana, no clube. Engraçado, não me vejo assim, nunca me vi assim. Mas na minha casa, eu tinha uma áurea de mistério, alguém que não conta tudo nem é transparente, "danada" (ah, os mineirimos, tão sobrecarregados de sentido).
Neste domingo, meu pai chegou ao clube com o jornal e, _minha lembrança, depois de cinco anos de terapia, não é mais algo isento. E disse: "Você é como a esfinge de Édipo: 'Decifra-me ou te devoro'". Eu ri, ensaiei me defender. Eu que me acho muito simples, muito fácil de entender, de me acompanhar, de quereres fáceis, interessada rápido, amável, ao ponto do previsível. Mas para ele, não. Eu, afinal, tinha segredos femininos. Que ele, alguns deles, conhecia. Apoiava meu amor platônico, secretamente e cúmplice. Me dava informações.
Um dedo por suas opiniões, depois do cuidado e do praxe celoso, sobre minha vida, sobre os homens depois do Theodoro. Diz-se na minha casa que meu pai veio uma vez a Buenos Aires.

***
Ainda sei de cor o acróstico que fiz em homenagem aos domingos no clube.

Terá Deus predileção por algum dia
Hoje amanhã, sábado quem sabe?
Embora todos tenham o sol que irradia
Ó domingo de alegria nunca acabe
Dourado seja seu lindo por-do-sol
O maestro que rege o ano inteiro
Revela sua ópera ao tarol
Ostenta teu personagem matreiro

***
2046 ou se quemo con leche, ahora ve una vaca y llora

O [a idéia de] amor me põe tão simples, íntima. O Amauri tem razão. O texto do Jabor é melhor que o filme. Ou, melhor, ainda estou mais à vontade para ler o texto do que para ficar tempos em frente à televisão, bebendo champanhe, tudo vermelho, tudo se sobrepondo e se repetindo, ansiosa pelas imagens completas, tonta.
In love you can't bring on a substitute
I have a secret to tell you. Will you leave with me? Voy a te contar un secreto: vámonos juntos?

Tudo isso na noite de Natal, noche buena, com Nat King Cole e vestidos com brilho, que sobem até o pescoço.
I once fell in love with someone. I couldn't stop wondering if she loved me back/
Take care. Maybe one day you'll escape your past. If you do, look for me

Não há que ter medo de ir a 2046. É a única chance de tentar escapar. Às vezes, não sara nunca, às vezes, sara amanhã. Às vezes parece que sarou. Às vezes, é leite quente, é vaca.
Por isso, eu li: "Lo bello y lo triste", do Kawabata, e lerei "Educação Sentimental", do Flaubert, "As relações perigosas" e comprarei um disco do Nat King Cole.

***

A Ligia tem me ensinado muitas coisas.

Thursday, January 26, 2006

Ai que fiaca

Acostarme temprano, sólo con vos, que no puedo dormir (tampoco dormiría).
Hace calor.
- Para quién fuma por causualidad, tenés ritmo!
Que fiaca, de mí.
Hay mucho trabajo y mucha neurosis. Y muchos planes.
Enchufada (chuf! que choque).
Não desliga.
Peluqueros, boqueteros, pajeros, tacheros, piqueteros, milongueros.
Notas de un verano inovidable.
Palavras novas são sempre um alento.

para ela (almada, ele é josé)

Onde estão os seus amores? Há prendas para lhe dar. Ninguém sabe se é ele e há prendas para lhe dar.
***

Esperança:
isto de sonhar bom para diante
eu fi-lo perfeitamente,
Para diante de tudo foi bom
bom de verdade
bem feito de sonho
podia segui-lo como realidade

E mais do que isto ainda, muito mais:
Hei de ser a mulher que tu gostes,
Hei de ser Ela sem te dar atenção!
Ah! que eu sinto claramente que nasci
de uma praga de ciúmes.

Eu sou as sete pragas sobre o Nilo
e a Alma dos Bórgias a penar!

***
Não queiras ter pai nem mãe,
não queiras ter outros nem Inteligência!
A Inteligência é o meu cancro:
eu sinto-A na cabeça com falta de ar!

Sunday, January 22, 2006

Fragmentos

Fading. Experiência dolorosa segundo a qual o ser amado parece se afastar,
sem que esta indiferença seja dirigida contra o sujeito apaixonado ou a
favor de um rival.

Friday, January 20, 2006

En Arenales, 2073

Eu vivo em Arenales. E eu sou louca. O velhinho nos achou una pareja simpática, viu? Ele foi quase tão simpático quanto você é com as garçonetes. Em que cafés você vai? Se eu fosse uma garçonete. E eu quis falar da Cremilda Medina e do diálogo possível, a entrevista. Mais para analista do que para periodista. Eu sempre como muito pouco quando estou nervosa.



Balada para um loco (Piazzolla e Horacio Ferrer).

Las tardecitas de Buenos Aires tienen ese qué sé yo,
¿viste? Salís de tu casa, por Arenales.
Lo de siempre: en la calle y en vos. . .
Cuando, de repente, de atrás de un árbol, me aparezco yo.
Mezcla rara de penúltimo linyera y de primer polizonte en el viaje a Venus: medio melón en la cabeza, las rayas de la camisa pintadas en la piel,
dos medias suelas clavadas en los pies,
y una banderita de taxi libre levantada en cada mano.
¡Te reís!...
Pero sólo vos me ves: porque los maniquíes me guiñan;
los semáforos me dan tres luces celestes, y las naranjas del frutero de la esquina me tiran azahares. ¡
Vení!, que así, medio bailando y medio volando, me saco el melón para saludarte, te regalo una banderita, y te digo...

(Cantado)

Ya sé que estoy piantao, piantao, piantao...
No ves que va la luna rodando por Callao;
que un corso de astronautas y niños, con un vals,
me baila alrededor... ¡Bailá! ¡Vení! ¡Volá!

Ya sé que estoy piantao, piantao, piantao...
Yo miro a Buenos Aires del nido de un gorrión;
y a vos te vi tan triste... ¡Vení! ¡Volá! ¡Sentí!...
el loco berretín que tengo para vos:

¡Loco! ¡Loco! ¡Loco!
Cuando anochezca en tu porteña soledad,
por la ribera de tu sábana vendré
con un poema y un trombón
a desvelarte el corazón.

¡Loco! ¡Loco! ¡Loco!
Como un acróbata demente saltaré,
sobre el abismo de tu escote hasta sentir
que enloquecí tu corazón de libertad...
¡Ya vas a ver!

(Recitado)

Salgamos a volar, querida mía;
subite a mi ilusión super-sport,
y vamos a correr por las cornisas
¡con una golondrina en el motor!

De Vieytes nos aplauden: "¡Viva! ¡Viva!",
los locos que inventaron el Amor;
y un ángel y un soldado y una niña
nos dan un valsecito bailador.

Nos sale a saludar la gente linda...
Y loco, pero tuyo, ¡qué sé yo!:
provoco campanarios con la risa,
y al fin, te miro, y canto a media voz:

(Cantado)

Quereme así, piantao, piantao, piantao...
Trepate a esta ternura de locos que hay en mí,
ponete esta peluca de alondras, ¡y volá!
¡Volá conmigo ya! ¡Vení, volá, vení!

Quereme así, piantao, piantao, piantao...
Abrite los amores que vamos a intentar
la mágica locura total de revivir...
¡Vení, volá, vení! ¡Trai-lai-la-larará!

(Gritado)

¡Viva! ¡Viva! ¡Viva!
Loca ella y loco yo...
¡Locos! ¡Locos! ¡Locos!

Wednesday, January 18, 2006

Fragmentos

eu mesmo (sujeito enamorado) não posso construir até o fim de minha história de amor: sou o poeta (o recitante apenas do começo); o final dessa história, assim como a minha própria morte, pertence aos outros; eles que escrevam romance, narrativa exterior, mítica
***

Tuesday, January 17, 2006

Los señales

- Claro que soy emocional, estoy enamorado - dijo el personaje bizarro de
Fox.
Y me acordé que le gusta Fox. Me dijiste aquí neste sofá incómodo.
Nososotros, los emocionales, no necesitamos señales muy claros. Todo es
señal. Nosotros, los emocionales, necesitamos de señales muy claros. Lo que no es
un señal es un señal.
Hay señal acá? Debe ser por eso que su mensaje de respuesta no me llega. No
hay señal telefonico. Mi romance, rehén de la tecnología. Puedo sentirme
amada o rechazada, depende de lo cuanto creo en la telefonia o en cuanto
creo que fue acertado o no el proceso de privatización de servicios publicos
en Latinoamerica.
Entonces, los emocionales pensamos el los viejos métodos, antes de la
tecnología y de los chistes cortos y funcionales
(de los que pierden su simulacro de inteligéncia y frescor ante la duda o
ante la repetición - mandaste de nuevo, fuíste dos vezes despretensiosa e
espontánea? imposible y de nuevo la sangre (de mi corazón, claro, cariño, y
la paradoja).
Por casualidad, sabés el sitio de la compañia telefónica?

Sunday, January 15, 2006

Evo borbujante



Eu pensei a vida inteira que "Borbulhas de Amor" fosse um clássico de Fagner. Ledo e ivo engano. Trata-se de "Borbujas de amor", letra de Juan Luis Guerra, cuja versão brasileira é do Ferreira Gullar. Un corazón mutilado de esperanza y de razón.
El guionista no perdona. Ese tema pasó en modo repeat durante dos horas en mi cena de ayer, me haciendo extrañar mi província y me pueblo y a Evo Morales (afinal, a Bolívia é o Ceará purinho).
Estou com toc de Evo.

Evo e Manuel Bandeira:

Lacem-na toda, multicores
As serpentinas dos amores,
Cobras de lívidos venenos...
Evoé Vênus!

Evo e Beatles (love love me do):
O Página 12 me acompanha no toc.


Evo é um peixe de pulover:


JUAN LUIS GUERRA
BURBUJAS DE AMOR

Tengo un corazón
mutilado de esperanza y de razón.
Tengo un corazón
que madruga donde quiera.

Ese corazón
se desnuda de impaciencia ante tu voz.
Pobre corazón
que no atrapa su cordura.

Quisiera ser un pez
para tocar mi nariz en tu pecera,
y hacer burbujas de amor por donde quiera.
Oh oh oh oh, pasar la noche en vela mojado en ti.
Un pez,
para bordar de corales tu cintura,
y hacer siluetas de amor bajo la luna.
Saciar esta locura mojado en ti.

Canta corazón
con un ancla imprescindible de ilusión.
Sueña corazón
no te nubles de amargura.

Ese corazón
se desnuda de impaciencia ante tu voz.
Pobre corazón
que no atrapa su cordura.

Quisiera ser un pez
para tocar mi nariz en tu pecera,
y hacer burbujas de amor por donde quiera.
Oh oh oh oh, pasar la noche en vela mojado en ti.
Un pez,
para bordar de corales tu cintura,
y hacer siluetas de amor bajo la luna.
Saciar esta locura mojado en ti.

Una noche para hundirnos
hasta el fin.
Cara a cara, beso a beso,
y vivir
por siempre mojado en ti.

Quisiera ser un pez
para tocar mi nariz en tu pecera,
y hacer burbujas de amor por donde quiera.
Oh oh oh oh, pasar la noche en vela mojado en ti.
Un pez,
para bordar de corales tu cintura,
y hacer siluetas de amor bajo la luna.
Saciar esta locura mojado en ti.

Para tocar mi nariz en tu pecera,
y hacer burbujas de amor por donde quiera.
Oh oh oh oh, pasar la noche en vela mojado en ti.
Para bordar de corales tu cintura,
y hacer siluetas de amor bajo la luna.
Saciar esta locura mojado en ti.

Saturday, January 14, 2006

Este ano eu vou à Espanha

buscar o meu chapéu, azul e branco, da cor daquele céu.
Segue a "movida Madrileña", também te mata Barcelona

La hora de las pestañas!





Uma salva de palmas para Almodóvar e para Kika. E para Andrea Caracortada. Viva el periodismo amarillo! Viva las pestañas! Viva o rímel! Viva São Francisco!
(mimos, é no toucador que a gente se aproxima)

El reportage, la paradoja

Cuando el tema es genero, el castellano compreende más.
La sangre, la paradoja.
Siempre pienso que el reportage es mismo masculino, potencia.

Amando noites afora
Fazendo a cama sobre os jornais
Um pouco jogados fora
Um pouco sábios demais
Esparramados no mundo
Molhamos o mundo com delícias
As nossas peles retintas
De notícias

Los hermanos

Aos hermanos, eu proponho o Mercoazul, a poesia da integração.
Piedra como embajador.
"Paquetá" ou "Retrato para Iaiá" como tema (sim, brindamos ao Rodrigo Amarante na pracinha de San Telmo).

***
Eu nunca gostei de aniversário mesmo. E eu não pergunto de signo.

Buenos Aires, inestable

BUE | T. 23.4° | H. 84%
Cielo con nubles

***
Continuando:

Além de morrer nos 45 do segundo tempo, é que nem aquelas odiosas velinhas de aniversário. Pronto? Passou? Se assopra e vem o fogo, pequeno, de novo. É o último? É o último? Esticando o constrangimento dos parabéns. Faz pedido de novo? Eu não sei quando você faz aniversário.

Friday, January 13, 2006

eu só queria saber

O que eu queria saber mesmo é por que a esperança é a última que morre. Ela deveria morrer primeiro, para ser chorada como deve.
Não morrer aos 45 do segundo tempo, desacreditada, para essa e para outras jornadas.

Wednesday, January 11, 2006

Paranóia, mistificação, análise e benzedeira

Não tem graça lembrar do guarda-chuva e esquecer o gravador _no táxi.
Ainda mais quando já se vendeu a entrevista.
Ainda mais quando o entrevistado foi gentil e generoso, com o tempo.
Ainda mais quando, há menos de um mês, um outro gravador se perdeu, num lance inacreditável (ele caiu dentro e uma caixa de som, irrecuperável. Com ele, uma entrevista com um antropólogo).
Lembra os piores períodos da faculdade, os trabalhos em disquetes que jamais abriam. Qual a real distância entre mim mesma e o êxito?
Minha irmã diria que é minha energia (como aquela vez que msn não funcionou. e se a gente tivesse conversado um monte?)
Como era, Ricardinho, a coisa do sal grosso?
Um sintoma, auto-sabotagem, essas bossas.
Uma inabilidade absoluta para os detalhes. Quase uma defesa apaixonada do mundo gauche, o sem planejamento _meu pai, dizendo: Nada combinado dá certo. Imagine viver sob esse ditado, a militância contra a poupança, família rodante.
A inteligência contra o esforço regrado. O charme outsider contra o standard.
É tudo frágil, frágil demais. Eu cansei.
Além do mais, o mundo mudou. Não há espaço para amadores.
Lembra a inglesinha do "Albergue Espanhol"? Ela virou uma sarada na continuação. Se assimila a globalização, que eu estou dizendo.
Um pouco de método a mim não me faria mal.

Monday, January 09, 2006

Debate acalorado

O taxista que me trouxe para a casa era a cara do Evo Morales.
- Evo, como te vá?
(imaginei uma mesa redonda de políticos falando da minha vida. Acho que o Mimos pode mediar, todos de traje de banho, e que são 3h da manhã e faz 36 graus).

Fazia calor e eu atirei

Um calor de 41 graus faz pensar em determinismo geográfico. E em Canindé.
Um mundo sudado, caluroso, pegajoso, forçosamente e ostensivamente corporal, forçosamente sensual. Fazia calor e eu atirei. Eu sempre acho boa essa imagem, plausível _poderiam usar no Mujeres Asesinas.

Saturday, January 07, 2006

Em ritmo de aventura



- Roberto, sabia que eu, você e a cibernética podemos ser muito felizes juntos?


A Globo Internacional é o canal mais deprimente do desterro, é o canal mais deprimente de que já se teve notícia _as propagandas, eu digo (imagine a Debora Secco: - Dez anos nos EUA e não aprendeu inglês?, uma moças com sotaque de Fortaleza... como diria a Zazá, passa ali por perto de casa, que eu estou precisando de um referencial).
E eu, que cresci ouvindo "flávia, faço seu mexido depois da novela das sete" agora, chego de madrugada e passa novela das sete. Meus referenciais.
Faz 38 graus em BsAs. Tenho febre e ar condiciondo, ainda bem.
Passa "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura". E de noite vai passar "Beijo no Asfalto".
Tengo toc, tengo fiebre.
Não sei mais o que faço para ninguém saber que estou gamado assim.
Gamado. Muito mineira essa palavra.

***

Quando Roberto Carlos encontra Jean Seberg. Uma coletiva, num barco. Mocinha histéricas entrevistam Roberto.

- Roberto, o que você acha da maldade?
...
- Saúde mental é criar e amar, mora?, responde ele.
...
- Qual o seu tipo de garota?
- A que gosta de bolinho de bacalhau.


Qual é, afinal, o papel da mulher moderna?

Ensayos sobre la mujer (el coraje de querer)

Eu só tenho esperança quanto ao seu ano.
Sua capacidade de dizê-lo acabado em menos de uma semana me faz crer ainda mais. Só quem tem coragem de fazê-lo, terá coragem de vivê-lo.
Carece de ter coragem.
Para caminhar - quando o corpo, imagem perfeita, faz excessiva pressão sobre os pés, pelos lados.
Para escrever - a memória mal cheirosa e o livro.
Não conheço quem tenha mais.

Quando ela caiu no coração da América Latina (no coração geopolítico e psicanalítico da América Latina, digo), eu fui resgatá-la com flores amarelas.
Ela sorria tanto. O extremo sul faz bem a ela.

Eu penso no seu ano (o passado). Eu penso no seu ano (este). Tá bom, eu te deixo você querer tudo. Eu preciso mesmo mudar meu conceito de precisar, você me disse. Me queira como te quero.

Como quiero que me queiras.

As pedrinhas nas ruas de Palermo se chamam adoquines.

yo me quiero confesar:
si aquella boca mentía
el amor que me ofrecía,
por aquellos ojos brujos
yo habría dado siempre más

Hoje eu vou comprar "Educação Sentimental", do Flaubert. A ser lido em 2006. Todos os anos, quando começa janeiro, eles me entregam um potinho de coragem.
Eu vou economizando, economizando, me parece sempre pouco.

pero nadie comprendía
que, si todo yo lo daba
en cada vuelta dejaba
pedazos de corazón.

E tudo, na verdade, é sobre forma, pavor. Onde foi que isso tudo começou? Espartana, espada em punho. Tudo de sal, que eu sou fragilissima. As mulheres de verdade não são frágeis, tem de ter uma força e compreensão e generosidade e cuidado. As mulheres são lindas. Eu quero ser Helena.

Eu me refugiei acima do meu pescoço, e eu tenho vivido no fogo da minha cabeça desde então.


E se tudo dói e é drama de gênero, tem uma parte feita de doce e pipoca. Um pacote de pochoclo e Roberto Carlos? Yo soy una chica política: a esperança vai vencer o medo? O problema é que eu acho que a esperança tem de vencer os fatos.

Você não sabe
Mas é que eu tenho cicatrizes que a vida fez
E tenho medo de fazer planos
De tentar e sofrer outra vez.

- Tá bom, eu não vou mais repetir. Põe outra música e vem deitar aqui.

Wednesday, January 04, 2006

Además

Estou exausta.
Mas não vá.
Não sei quando deixei de viver minha vida, a viver no fogo da minha cabeça.
Mary Wilkies, me ajuda.
Haverá tempo? Homem grande, o que me dirias?
Queria ter 17 anos, e não 25.
Você tem e-mail?
Over reaction (es junto?).
Eu tenho 17 anos.
Fico muda - e a culpa é sua.
(quase te escrevo te odiando, mas não).
O fogo da minha cabeça.
Queria ter dito: me ajuda.
Onde estão minhas opiniões?
Meu pai.
Meu pai.
Alguém se candidata?
Sos lindo.
Você leu o Oppeheimer na segunda?
Eu sempre quis comentar o Oppeheimer (nomes com muitas consoantes não são o meu forte).
Eu sou muito frágil.
Estou exausta.
Não fui/sou metade de mim.
Minha mãe.
Minha tia Aurora.
A Natércia.
Cheguem, cheguem vocês.
Estou exausta.
Me cortaram a língua.